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Braço direito de líder supremo do Irã morre dois dias após ataque de Israel

do UOL

Do UOL, em São Paulo

14/06/2025 15h38Atualizada em 14/06/2025 17h51

Ali Shamkhani, o braço direito do líder supremo do Irã, o aiatolá Khamenei, morreu hoje, em um hospital do Irã, um dia após Israel lançar ataques aéreos em todo o país. A informação é do jornal britânico The Guardian. Os detalhes da morte ainda não foram esclarecidos.

O que aconteceu

Ali Shamkhani era chefe da guarda iraniana. Segundo o Guardian, ele era a principal autoridade de segurança nacional do Irã e por uma década participou das negociações para o fim da guerra.

Shamkhani ficou ferido após os bombardeios de Israel contra o Irã na madrugada de quinta para sexta. Os detalhes da morte não foram divulgados.

Sua morte coloca o Irã em posição de isolamento com a comunidade internacional. Isso porque o chefe da guarda também mantinha relações importantes com líderes mundiais e gerenciava o apoio que a China e a Rússia davam ao Irã. "O Irã vai precisar escolher um novo líder para construir esses relacionamentos internacionais. Essas negociações vão ficar paralisadas por um tempo", explica a professora de Relações Internacionais da FESPSP (Escola de Sociologia e Política de São Paulo), Ana Carolina Marson.

Morte do mediador beneficia Israel. "Israel se beneficia bastante dessa paralisação de negociações com outros países envolvendo o Irã, que tentava a pacificação com a Arábia Saudita", pontua Marson. "Um Irã isolado é um Irã muito enfraquecido".

Figura importante internamente. Ali Shamkhani era um político de alta patente militar irado em seu país, "a gente percebe que Israel foi nas 'cabeças' do estado fundamentalista do Irã", alerta Marson. "Quando cidadãos são atacados, os tomadores de decisão do conflito continuam tomando decisões. Com ataques às lideranças militares, Israel deixa evidente que não vai resolver o conflito com negociações."

10.mar.23 - Wang Yi, membro do Comitê Central do Partido Comunista da China e diretor do Gabinete da Comissão Central de Relações Exteriores, Ali Shamkhani, secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã e Ministro de Estado e o conselheiro de segurança nacional da Arábia Saudita, Musaad bin Mohammed Al Aiban, posam para fotos durante uma reunião em Pequim, China - CHINA DAILY/via REUTERS - CHINA DAILY/via REUTERS
10.mar.23 - Wang Yi, membro do Comitê Central do Partido Comunista da China e diretor do Gabinete da Comissão Central de Relações Exteriores, Ali Shamkhani, secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã e Ministro de Estado e o conselheiro de segurança nacional da Arábia Saudita, Musaad bin Mohammed Al Aiban, posam para fotos durante uma reunião em Pequim, China
Imagem: CHINA DAILY/via REUTERS

Uma das suas principais funções era representar o país em negociações de reaproximação com a Arábia Saudita. Shamkhani mediou o conflito com o país por uma década, com o apoio de lideranças chinesas.

A partir do momento em que o país enfrenta essa tensão e precisa enviar contra-ataques, as negociações de conflitos são paralisadas para lidar com os ataques e já seriam penalizadas de qualquer maneira, mas com a morte dele ficam ainda mais atrasadas.
Ana Carolina Marson, especialista em conflitos no Oriente Médio

Líderes militares do Irã mortos

Na quinta-feira, dois líderes militares foram mortos durante o conflito. O chefe da Guarda Revolucionária do Irã, o general Hossein Salami, e o chefe das Forças Armadas, general Mohammad Bagheri, foram mortos em bombardeios de Israel contra o Irã.

Salami era um dos principais personagens do campo militar iraniano. A Guarda Revolucionária iraniana é o grupo mais poderoso no Exército do país e foi criada depois da Revolução Islâmica de 1979.

Bagheri também era um dos principais líderes do regime iraniano. "O major-general Mohammad Bagheri, chefe do Estado-Maior do Exército, foi martirizado", disse a emissora estatal ao anunciar a morte do militar.

O Irã também confirmou as mortes de dois cientistas nucleares. Eles foram identificados como Mohammad Mehdi Tehranchi e Fereydoon Abbasi.

Israel iniciou os ataques contra o Irã

Ataque de Israel matou os chefes das Forças Armadas e da Guarda Revolucionária do Irã, que respondeu lançando cerca de cem drones contra território de Israel, segundo o Exército de Israel. Segundo o porta-voz militar israelense Effie Defrin, 200 aviões de combate foram mobilizados para bombardear quase cem alvos em seus ataques contra o Irã.

Israel diz ter completado o "ataque inicial" contra o Irã. As FDI (Forças de Defesa de Israel) afirmaram que a operação, nomeada de "Leão em Ascensão", foi contra "dezena de alvos militares" e instalações nucleares relacionados ao programa nuclear do Irã.

Irã afirmou que os ataques israelenses justificam sua intenção de enriquecer urânio para fins nucleares. "Não se deve falar com um regime tão predador, exceto com a linguagem da força", afirmou o governo iraniano em um comunicado. "O mundo agora entende melhor a insistência do Irã em seu direito de enriquecer [urânio], à tecnologia nuclear e ao poder dos mísseis".

Conselho de Segurança da ONU convocou reunião de emergência na tarde de ontem. A decisão de convocar o principal órgão das Nações Unidas ocorre depois que o Conselho recebeu uma carta oficial do governo iraniano denunciando o ato e alertando que irá retaliar.

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